Todas as pessoas em algum momento sentem ansiedade, não é um estado normal, mas é uma reação normal. É um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e possibilita a pessoa a tomar medidas para enfrentar ameaças e até mesmo disponibilizar recursos a fim de impedi-las (Kaplan et al., 1995). Desta maneira, seria uma resposta normal, adaptativa e positiva (Holmes, 1997). A ansiedade natural é necessária para a sobrevivência e sem essa não lutaríamos para conquistar melhorias, não procuraríamos superar obstáculos, não fugiríamos em situações perigosas (Barbirato e Dias, 2009).
A ansiedade é acompanhada de experiência subjetiva de medo ou outra emoção relacionada, como terror, horror, alarme e pânico. É desagradável, comparada a uma sensação de um perigo iminente, de colapso ou de morte. Direcionada ao futuro, de um modo geral não há um risco real, mas se houver, a emoção é desproporcionalmente intensa (Lewis, 1979, apud Gorenstein et al., 2000). As crianças, especialmente as mais novas, podem ter dificuldade em reconhecer seus medos como exagerados ou irracionais (Asbahr, 2004).
Na ansiedade patológica, a característica adaptativa de alertar um perigo está excessiva, inapropriada e leva a um sofrimento intenso, podendo ser o sintoma inicial de um quadro psicopatológico (Marcelli, 1998). Essas reações exageradas frequentemente se desenvolvem quando há uma predisposição neurobiológica herdada (Asbahr, 2004).
A ansiedade considerada “patológica” relaciona-se à angústia antecipada e um comportamento de esquiva. É um sentimento incômodo, uma preocupação com o fato de que algo inesperado pode, a qualquer momento, acontecer (Barbirato e Dias, 2009). Necessariamente implica prejuízos no dia a dia de quem sofre.
Os Transtornos de Ansiedade (TA) são um dos quadros psiquiátricos mais comuns na infância (Asbahr, 2004). Estima-se que até 10% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno ansioso (Asbahr, 2004). Frequentemente está associada a efeitos adversos sobre o desempenho nas tarefas cognitivas (Eysenck et al., 2007). Quando excessiva, interfere negativamente no desempenho acadêmico (Monteiro, 1980; Rocha, 1976; Tobias, 1980; Wigfeld e Eccles, 1989).
Em situações de teste, indivíduos ansiosos sofrem com preocupações irrelevantes e inquietações sobre aspectos autoavaliativos. Tais ideias ocupam parcialmente sua capacidade de memória de trabalho, reduzindo sua capacidade de evocar as informações (Eysenck et al. apud Dutke e Stober, 2001).
As áreas cerebrais consideradas relacionadas à ansiedade são: a amígdala e o córtex pré-frontal (Lau e Pine, 2008). A amígdala parece estar relacionada à memória (Graeff, 2004) e o córtex pré-frontal às funções executivas (Santos, 2004).
Estudos neuropsicológicos sugerem que os indivíduos com Transtorno de Ansiedade na Infância e na Adolescência (TAIA) apresentam um desempenho prejudicado em diversas funções cognitivas: atenção, memória e funções executivas.
Em relação à memória, questiona-se se a dificuldade encontrada em crianças com TAIA estaria relacionada a uma disfunção primária da memória ou secundária à atenção (Vasa et al., 2007).
Os sintomas são em geral descritos como um sentimento de apreensão desagradável e vago, acompanhado de sensações físicas como: frio no estômago, aperto no peito, transpiração e falta de ar, dentre várias outras. Essas manifestações corporais involuntárias podem ser manifestadas como secura da boca, sudorese, arrepios, tremores, vômitos, palpitações, dores abdominais e outras, além do aumento da frequência urinária (Gorenstein et al., 2000).
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(Rodrigues, Camila Luisi. Aspectos neuropsicológicos dos transtornos de ansiedade na infância e adolescência : um estudo comparativo entre as fases pré e pós-tratamento medicamentoso / Camila Luisi Rodrigues. -- São Paulo, 2011.)